sábado, 2 de abril de 2011

BELO SAPO

Pensando no sapo

Hoje vou descançar

Saindo do mato

Preta couragem


Agendas antigas

Talco pro pés

Cheiro de cebola no bife

Garfos no fígado


Perto da cara

Cara pálida

Longe de mim

Pessoas nefastas


Sangue no mictório

Vestigios de saliva

Ventiladores ligados

Poira subindo

Ácaros

Sujeiras escondidas

E ainda tem quem lamente feridas


O resultado mais belo do que sou

É este monte de feias cicatrizes

Talvez eu não deixe você ver


Abandonem a barca furada

Caiam no mar


Corpo frágil

Câncer latente


O resto de comida nos dentes

Bactérias latentes

Beijos cadentes

Cabelos e pentes


Retorno ao sapo


Guardo velhos sapatos

Vou usar no inverno

Me empresta aquele seu terno

Vou sair, vou virar

Um belo sapo


sexta-feira, 1 de abril de 2011

INEQUAÇÃO


Numa reta perpendicular Uma tangência diagonal No espaço euclidiano Se nascem pro espaço Morrem todos os Planos O que te parece complexo É só a falta de nexo Uma hiperbolóide no R4 E tantas geometrias no lombo frontal Esta última noite dormi muito mal Me apaixonei por uma moça Que acha machismo normal Tô mal O cubo perfeito Nas suas internidades Gravidade zero Lambda e Delta Tem um "pi" Na proporção da distância entre onde nasce o rio e onde ele morre ao mar E todos os percursos que faz Mas Que diferença faz? Vamos continuar matando-o sob a mentirosa angustia de sobreviver Me apaixonei por uma fulô, cor de acaju Mas ela é muito norte e eu sul Retas paralelas nunca se cruzam Opostos seguem infinitos distintos E nem sempre são paralelos Estando bem perto, não significa se tocar Me apaixonei sem beijar Beijei sem me apaixonar Ontem eu era rio Hoje sou mar Se amanhã entre ações e reações eu me desertar Vou com o vento toda água levar Quando X diferente de Y E se numa prova por absurdo eu afirmar Que não vou mais me apaixonar mesmo existindo o ar Caio no nexo Contradição Está provado Tem jeito não O que em mim é natural Logo lanço um log. decimal O que nela é animal Me causa coisas anormais Mas, se acabasse a apaixão Ai, não importa a base Um mais um vira um monte Paro de bobeira e entorpeços nossos corpos Não, mas "putz" não Não sei resolver esta simple inequação É muita paixão Mas tudo bem Semana que vem passa Ai escrevo umas linhas falando do quanto foi boa a noite Ou não Mas apago o tesão Quer dizer A paixão Ou não

sábado, 26 de março de 2011

Não
Não minha gente
Eu não quero ir
Não preciso ir
O meu lado é de cá dos trilhos

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

VAI VER A LUA

Acordes abandonados de loucuras

Belos cabelos de samambaia

Aqueles dias de cão com guimas na cama e no chão

Deixa pra lá

Não quis jamais se vender

Quem um dia desafiou o poder

Ser marginal era algo intelectual

Sangria barata e vodka ruim eram melhor que cerveja

Não quiseram nos contar

Bebendo um chá e nascendo fungos nos tais colossais matagais

Vendemos-nos parcelado

E compramos no crediário

Faces e books tais mensagens

Corta o palavrão, censura o radical.

Este filme pra te ver

Cuide bem da sua cria

Tem sexo na TV

Mas não é BBB

Perdi o tesão.

Naquele tempo era ritual, celebração

Hoje qualquer um, de qualquer jeito

Nem tem mais camarão

Aquela carta está guardada

Mas me manda um e-mail, SMS

ESQUECE

MAS QUALQUER HORA

VAI VER A LUA.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

BOÇAL

Vacilão
Cara-de-merda
Zé-Ruela
Pelego
Mongol
Débil

Traíra
Mentira
Pobre de alma
Antagonico
Vil
Fraco

Bruto
Crápula
Demente
Feio
Parasita

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

ACHO QUE PIREI

Moderadamente
Discretamente
Calmamente
Sem chamar a atenção
Com passadas silenciosas
Sem querar
Muita droga
Muita piração

Muitos enlatados
Muita mentira disfarçada
E ainda votamos neles!

Falta chuva num lugar
Sobra água lá nas nuvens ao sul
E ela quer a última moda
Pois ele vende o pescoço na corda
Você també pode se vender!

Não se sinta só
Os covardes ainda estão vivos
Eu também assisto TV
E o diabo continua careta
ACORDA CARA-PRETA!

As meninas do amor
Crianças sujas chupam o dedo e mijam na cama da vó
Discunjuro dos teus modos
Estes boçais, animais políticos, alimentam-se de tua jugular
Mas tá tudo beleza, os corvardes, arrotaram com cerveja.

E ao acaso quer pecar
Sem Deus ver nem olhar a cruz apedrejada
E tem ô'bamas e e lulas-bacanas-sacanas
Mas nem vais perceber
A nação vai bem!

Vedemos mais um pedaço
Pra'quele gringo massa
Ou pro novo Silvio
viva aquela terra de todos os santos
Pois o diabo é comunista e dá uma de artista.

Mesmo assim ainda tem essa gente chata e teimosa
Que estanca e não goza
E viva, vive a luta sem classe
Viva o merda do último mártire da utópica revolução
Não morra Trotsky!

ACHO QUE ENLOUQUECI
ACHO QUE NÃO TE VI
ACHO QUE USEI DROGAS DEMAIS
NADA DE DIALÉTICO
FODA-SE TODO O NEXO
SÓ MAIS ESTE PASSO PRA LÁ DO MEU PIAUÍ
AMANHÃ VOU EMBORA
E ESTA MENINA ACHA QUE QUERO VOLTAR A SER UM BOM MOÇO
FEZ PLANOS PRA GENTE SE CASAR
SEM SABER QUE VOU MESMO É ME MATAR OU ME MANDAR
NÃO POSSO SER FELIZ POIS O ZÉ PERDEU AQUELE BELO PAR
DE BRINCOS DA MENINA DOS CABELOS DE SAMAMBAIA
O PÚBLICO VAI E A MASSA VEM ME VAIAR
CARALHO: QUER CALAR?

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

ADEUS PRETO VELHO

Adeus meu preto
Até nunca mais
Adeus minha nêga
Segue em paz

Perde-se jangada
Em alto mar
Com o vento a manada
Vai, vai pr'álem
Sem se lembrar

E quando perceber
Que quer voltar
Dobre a rua, vire a página
Mate um dia, perca a concentração
Só não tente voltar

Acordem os santos
Despertem os guias
Chamem os búzios
Rezém pra tantas marias

Até o dia de se encontrar
Em outras terras, em outro lar
Em outros corpos
Meu preto velho
Até mais