Pensando no sapo
Hoje vou descançar
Saindo do mato
Preta couragem
Agendas antigas
Talco pro pés
Cheiro de cebola no bife
Garfos no fígado
Perto da cara
Cara pálida
Longe de mim
Pessoas nefastas
Sangue no mictório
Vestigios de saliva
Ventiladores ligados
Poira subindo
Ácaros
Sujeiras escondidas
E ainda tem quem lamente feridas
O resultado mais belo do que sou
É este monte de feias cicatrizes
Talvez eu não deixe você ver
Abandonem a barca furada
Caiam no mar
Corpo frágil
Câncer latente
O resto de comida nos dentes
Bactérias latentes
Beijos cadentes
Cabelos e pentes
Retorno ao sapo
Guardo velhos sapatos
Vou usar no inverno
Me empresta aquele seu terno
Vou sair, vou virar
Um belo sapo