sábado, 2 de abril de 2011

BELO SAPO

Pensando no sapo

Hoje vou descançar

Saindo do mato

Preta couragem


Agendas antigas

Talco pro pés

Cheiro de cebola no bife

Garfos no fígado


Perto da cara

Cara pálida

Longe de mim

Pessoas nefastas


Sangue no mictório

Vestigios de saliva

Ventiladores ligados

Poira subindo

Ácaros

Sujeiras escondidas

E ainda tem quem lamente feridas


O resultado mais belo do que sou

É este monte de feias cicatrizes

Talvez eu não deixe você ver


Abandonem a barca furada

Caiam no mar


Corpo frágil

Câncer latente


O resto de comida nos dentes

Bactérias latentes

Beijos cadentes

Cabelos e pentes


Retorno ao sapo


Guardo velhos sapatos

Vou usar no inverno

Me empresta aquele seu terno

Vou sair, vou virar

Um belo sapo